Confissão de Hugo “El Pollo” Carvajal, nos EUA, cita repasses ilegais a partidos e líderes de esquerda da América Latina
O ex-chefe de inteligência da Venezuela, Hugo “El Pollo” Carvajal, declarou em depoimento a um tribunal dos Estados Unidos que o regime comandado por Hugo Chávez teria financiado ilegalmente políticos e partidos de esquerda em diversos países da América Latina, incluindo o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo o testemunho, o esquema teria operado por mais de 15 anos, canalizando recursos da ditadura venezuelana para campanhas políticas e movimentos ideológicos aliados em países como Brasil, Argentina e Colômbia.
Financiamento estrangeiro é crime no Brasil
A legislação brasileira proíbe expressamente qualquer doação política de origem estrangeira. De acordo com a Lei nº 9.504/1997, que estabelece normas para as eleições, o financiamento por governos ou entidades de outros países constitui crime eleitoral, sujeito a cassação de mandato, multa e até prisão.
A norma, em seu artigo 31, prevê que pessoas físicas ou jurídicas estrangeiras não podem “doar, direta ou indiretamente, recursos financeiros a partidos ou candidatos”, sob pena de nulidade e responsabilização penal.
O objetivo da restrição é, segundo o texto da lei, “preservar a soberania nacional e impedir interferências externas no processo democrático brasileiro”.
Confissão nos Estados Unidos
Durante o julgamento em Nova York, Carvajal afirmou que o governo de Chávez — e posteriormente o de Nicolás Maduro — manteve uma estrutura de repasses secretos destinada a fortalecer aliados ideológicos na região.
Entre os nomes citados, além de Lula, estariam o dos ex-presidentes Néstor e Cristina Kirchner (Argentina) e o atual mandatário colombiano Gustavo Petro.
“O governo venezuelano financiou partidos e campanhas de esquerda na América Latina durante anos, com o objetivo de expandir o projeto bolivariano”, declarou o ex-general, que foi um dos homens mais próximos de Chávez.
Acusações anteriores e citações a outros regimes
As revelações reforçam suspeitas antigas sobre relações financeiras de Lula com governos estrangeiros. O petista já havia sido acusado de receber recursos do regime líbio de Muamar Kadhafi, a quem chegou a chamar de “meu líder” em um evento diplomático durante seu governo.
Em 2019, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci mencionou, em delação premiada, um esquema de doações internacionais que teria beneficiado Lula e o PT, envolvendo países como Angola, Cuba e Venezuela.
Caso reacende debate sobre interferência estrangeira
A confissão de Carvajal reacende discussões sobre o financiamento transnacional de campanhas políticas e o risco de influência externa em democracias latino-americanas.
Juristas lembram que, no Brasil, qualquer repasse de recursos provenientes de governos estrangeiros é considerado ato de corrupção e crime eleitoral grave, passível de punição tanto para quem doa quanto para quem recebe
“O financiamento político estrangeiro ameaça a integridade do processo democrático e compromete a soberania nacional”, destacou um trecho de parecer citado pela Justiça Eleitoral ao aplicar a regra em eleições anteriores.
PORTAL PARANATINGA – Matéria por Folha Destra

























